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Pagamento online amplia presença no país


Crescimento é a palavra de ordem para o comércio eletrônico brasileiro. A receita gerada pelo setor alcançou R$ 18,7 bilhões em 2011, 26% maior que os R$ 14,8 bilhões do ano anterior, segundo a e-bit, empresa especializada em informações sobre o varejo online. Mais de 32 milhões de consumidores compraram ao menos uma vez via web no ano passado, 9 milhões deles pela primeira vez.

O e-bit prevê que o setor cresça, em 2012, no mesmo ritmo de 2011, apesar das instabilidades financeiras externas que começam a interferir de forma mais efetiva na economia do País. A expectativa é que o e-commerce movimente R$ 23,4 bilhões este ano, R$ 10,4 bilhões (ou 45% do total) apenas no primeiro semestre.


E uma vez que as compras pela internet não param de crescer, as exigências tecnológicas para sustentar esta atividade econômica geram oportunidades. É o caso das fornecedoras de plataformas e soluções de pagamento online. As empresas que atuam nesse segmento podem funcionar tanto como “carteiras virtuais”, transferindo dinheiro entre comprador e lojista, como viabilizando transações com instituições financeiras (administradoras de cartões, bancos, serviços de pagamento online etc). Empresas deste segundo grupo são chamadas de “gateways”.
No segmento de soluções para transferência de valores online estão as empresas mais conhecidas pelo grande público. A maior e mais reconhecida delas é a norte-americana PayPal, controlada pelo eBay. Criada em 1998 para viabilizar pagamentos por meio de PDAs utilizando como base um endereço de e-mail, o sistema da empresa conta atualmente com 110 milhões de usuários ativos em 190 mercados, com 25 diferentes moedas.


No Brasil, a empresa está oficialmente há pouco mais de um ano, com operações de atendimento locais e permitindo pagamento parcelado, uma peculiaridade local. E o crescimento verificado pela plataforma é forte. “Saímos de uma base de 1 milhão de clientes para 4 milhões em maio”, explica Mário Mello, presidente do PayPal no Brasil. “Estamos com 30 mil lojas, e o mais importante é que as grandes aceitam nossa plataforma.” O executivo comemora a adesão de grandes nomes do e-commerce nacional, como Ponto Frio, Groupon, Polishop e Peixe Urbano, entre outros.

Só no Brasil

Mas o mercado brasileiro é um terreno difícil para grandes players como o PayPal, dada a quantidade de concorrentes. “Talvez não haja nenhum outro mercado no mundo em que atuemos com tantas soluções parecidas com a nossa”, admite Mello.


Uma deles é o PagSeguro, do UOL, que investe em comércio eletrônico desde 2006. Naquele momento, a empresa apostou na criação de lojas virtuais, publicidade focada no varejo, comparadores de preços e, claro, meios de pagamento online. “O PagSeguro surgiu com o intuito de oferecer uma solução segura, simples e economicamente viável, tanto para compradores como para vendedores, além de ter o objetivo de solucionar problemas relacionados à segurança da informação e entrega de produtos”, explica o diretor do PagSeguro, Ricardo Dortas.


Gateways

Empresas que viabilizam transações com cartão de crédito, débito, boleto e outros sistemas bancários para o comércio eletrônico são chamadas de “gateways”. No Brasil, a maior delas é a Braspag, adquirida em 2011 pela credenciadora de cartões de crédito Cielo.


No ano passado, a companhia foi responsável por 42 milhões de transações no comércio eletrônico. “Projetamos 65 milhões até o fim do ano”, diz o CEO da empresa, Gastão Mattos. E essa expansão que supera 50% não é considerada otimismo. “Já é realidade. As transações processadas até maio, se comparadas ao mesmo período do ano passado, superam esse porcentual. Esperamos mantê-lo no consolidado de 2012.”


A empresa oferece seis plataformas de serviço relacionadas ao pagamento online de forma direta ou indireta. Lidera esse portfólio o gateway de pagamento, que faz a conexão entre a loja que opera no comércio eletrônico com os meios de pagamento, sejam cartões de crédito, débito, boleto ou outros meios emergentes. Há ainda soluções para pagamento recorrente (para serviços cobrados periodicamente, como assinaturas de revistas, por exemplo), refund (para estorno ou cancelamento parcial de um pagamento) e uma plataforma de conciliação (para consolidação entre as informações do cartão de crédito e do pedido).

Segurança
A Braspag oferece ainda uma solução antifraude, para segurança das transações, e outra de cartão protegido, que armazena os dados de pagamento dos clientes (número do cartão de crédito, informações pessoais etc). Assim, em uma segunda compra, é desnecessário passar pelo enfadonho processo de preenchimento – um estudo da Bronto Software descobriu que entre 60 e 70% dos consumidores desiste da compra nessa fase.


Claro que serviços como esses levantam intermitentes questões sobre riscos. “Esse é um tema essencial para um negócio de comercio eletrônico”, diz Mattos. “A Braspag entende que essa é uma premissa do negócio, portanto atendemos os níveis de certificação mais rigorosos do mercado global.” Em termos de compliance, a empresa possui a certificação PCI DSS 2.0, do PCI Security Standards Council. “Nossa base de dados é o ativo mais importante que temos e é protegida de maneira a não ser invadida em nenhuma hipótese.”


Segurança é um fator determinante tanto para players tradicionais quanto para entrantes no mercado, caso da maxiPago!, que atua no País há pouco mais de dois meses. Com uma plataforma importada dos EUA, a empresa oferece três produtos: gateway, conciliação e antifraude. O objetivo da empresa é processar, até outubro de 2012, cerca de R$ 800 milhões em transações. “Somos uma solução PCI 2.0”, diz Daniel Bento, cofundador e CCO da maxiPago!.


“Uma plataforma que não possua essa certificação é fraca, sem os requisitos de segurança necessários para manusear dados de cartão de crédito dos clientes.”


Serviços


Segurança, no entanto, não é a única vantagem das plataformas de pagamento para os lojistas. Os players do setor apontam ainda a facilidade para a integração técnica, o acesso a um maior número de meios de pagamento sem necessidade de contratos separados com cada instituição, além das opções de parcelamento de longo prazo para o comprador. “Com o gateway o lojista está terceirizando a gestão do pagamento e voltando a atenção a outras disciplinas do negócio, como comercial, preço, estoque e logística, por exemplo, que já são bastante onerosas”, pondera Gastão Mattos, da Braspag. “Quando a loja decide desenvolver esses sistemas internamente, vai precisar de uma equipe especializada, que deve ser 24/7.”


O lojista que adota qualquer solução de pagamento costuma ser cobrado por transação feita, e não pela integração dos sistemas. Mesmo assim, alegam os gateways, os custos são baixos. “Ele [o empresário] vai pagar poucos centavos para ter todas as transações conciliadas, sem se preocupar se o servidor caiu, por exemplo”, diz Daniel Bento, da maxiPago!. “Pouquíssimos gigantes mundiais têm gateways próprios. Eles usam players especializados porque é muito mais barato, escalável e estável utilizar um parceiro local.”


Um desses players é o PayPal, que atua no País com parceiros locais como Rakuten, FastCommerce, Localweb e a própria Braspag. No caso das carteiras virtuais, há outra grande vantagem, relativa ao consumidor que ainda tem receio de fazer compras online: a chamada “compra com um click”. Essa modalidade prevê a digitação do número de cartão de crédito uma única vez, para a inserção de “créditos” em uma carteira virtual. “Toda vez que o consumidor digita o número do cartão está incluindo essas informações em diversos bancos de dados, o que não é uma experiência segura”, defende Mário Mello, do PayPal.


E as expectativas para o setor são as melhores possíveis. Crescimento a taxas superiores às do restante do varejo são um crença geral, graças a grande parcela da população que ainda não faz compras online. “Quanto melhor for o desempenho do comércio eletrônico, melhor será para as empresas de pagamentos online que estiverem prontas para atender a demanda”, diz Ricardo Dortas, do PagSeguro.

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