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Diferenças entre executivos e empreendedores


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Não necessariamente o que te fez um excelente executivo em 2009 necessariamente fará de você um grande empreendedor em 2010


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Por Marcos Hashimoto*
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Pesquisa publicada no Strategic Management Journal dos professores Jeffrey Dyer, Hal Gregersen e Clayton Christensen estudou empreendedores e executivos bem sucedidos com a intenção de identificar diferenças de perfil e comportamento entre eles. Neste artigo eu relato e comento alguns destes resultados.


Em primeiro lugar, a pesquisa não identificou diferença em dois aspectos: Tolerância a riscos e lócus de controle. Normalmente, o senso comum diz que os executivos estão menos predispostos a correr riscos do que empreendedores, mas isso não foi constatado na pesquisa.


Também se diz que os empreendedores têm maior necessidade de controle sobre o ambiente, mas os resultados indicaram que tanto executivos como empreendedores não se diferenciam neste aspecto. Uma possível explicação é que os executivos, na medida em que vão ascendendo posições na pirâmide hierárquica, vão adquirindo mais poder e responsabilidade, trazendo junto uma amplitude maior na abrangência de fatores sob seu controle.


Consequentemente, usam este maior grau de autonomia para tomar decisões que geram maior impacto para a organização. Dentre as diferenças entre executivos e empreendedores, vamos nos ater às diferenças de comportamento. A pesquisa identificou seis padrões de comportamento entre empreendedores que não eram comuns entre executivos:


1) Propensão a fazer perguntas, sobretudo aquelas que questionam o status quo e
exploram possibilidades sobre o futuro (ASK WHY) .


Empreendedores tendem a fazer mais perguntas que testam as circunstâncias vigentes
do que executivos. Os executivos têm uma tendência maior para seguir ordens e se
adequar à situação do que questioná-la. Alguns empreendedores declararam que
possuem executivos em seus quadros que têm muitos anos de casa, são valiosos, mas
não têm ideias novas. Na opinião deles, estes executivos entraram no modo de
operação, necessário para a empresa rodar, o que fez com que parassem de pensar
(penduraram o cérebro)


2) Observam o mundo à sua volta, prestam atenção ao que acontece no dia-a-dia para
descobrir novas ideias .


Empreendedores procuram o que é diferente do que esperavam. Procuram estar
ligados a todos os impulsos e estímulos a que são expostos. Procuram olhar as
inovações ruins para saber porque não deu certo. Buscam pontos de vista diferentes.
Não se contentam com apenas uma resposta certa. Prestam atenção nas reclamações
dos clientes. .


3) Experimentam e exploram o mundo com a visão de teste de hipóteses, conhecendo
novos lugares, tentando coisas diferentes, buscando novas informações e aprendendo
coisas novas .


Uma diferença fundamental entre empreendedores e executivos é que, como
empreendedores não têm chefe, eles podem experimentar, errar e aprender com os
próprios erros. A cultura corporativa não favorece o erro, então executivos não podem
experimentar. Precisam acertar logo na primeira, o que acaba por desestimular o
processo criativo. Os empreendedores são aqueles que gostavam de desmontar coisas
quando crianças para ver como funcionavam. .


4) Buscam e testam ideias junto à sua rede de relacionamento, sobretudo com pessoas
com backgrounds distintos do dele .


O network dos executivos é para a carreira, para vender o que sua empresa produz ou
para estabelecer laços de amizade. O empreendedor é diferente, ele busca pontos de
vistas diferentes, procura quem contradiz suas ideias, para fazer o advogado do diabo,
ou seja, encontrar oportunidades de melhorar sua ideia ou negócio, partindo da visão
de quem está fora do contexto. O empreendedor tem plena consciência que o processo
criativo é coletivo, que as pessoas contribuem de forma colaborativa para construir e
estruturar uma ideia .


5) Estabelecem conexões entre experiências e conhecimentos distintos .


Empreendedores reconhecem padrões com mais facilidade e procuram desenvolver
um pensamento interdisciplinar. Esta competência está associada à capacidade de
questionar, observar, experimentar e explorar redes de ideias. . Um exemplo mencionado no estudo é dado por Steve Jobs. Jobs fez um curso de
caligrafia na época do colégio, aparentemente um dos melhores cursos de caligrafia
do país. Jobs não tinha nenhum interesse particular em caligrafia, mas decidiu fazer o
curso por ser uma forma de escapar das aulas normais. Ele então aprendeu fontes
serifs, espacejamento, combinações de letras diferentes e bons estilos de tipografia. . Este conhecimento nunca teve nenhuma aplicação prática em sua vida até o momento
em que ele desenhou seu primeiro computador Macintosh, dez anos depois. A variedade de fontes que a Apple criou e depois foi copiada pelo Windows se tornou padrão desde então. .


6) Demonstram forte desejo de mudar o mundo ou fazer algo que ninguém fez antes,
algo inovador .


Os executivos não demonstram este desejo ou comportamento com a mesma
intensidade. A principal motivação do executivo é obter o sucesso financeiro de seu
empregador e, como consequência, o seu sucesso na carreira. Os empreendedores
demonstraram a propensão maior de mudar o estado atual das coisas atuais e trazer
novas soluções onde nada havia antes ou onde o que havia não funcionava bem.
Meg Whitman, do eBay, queria ‘dar um chute’ na situação atual do mundo. Niklas
Zennstrom, do Skype, queria mudar o mundo. Jeff Bezos, da Amazon, queria ‘fazer
história’ e Steve Jobs queria dar um cutucão no universo. . Embora a pesquisa tenha sido feita nos EUA, partindo de depoimentos de altos
executivos e empreendedores convidados para palestras nas universidades dos
pesquisadores, acredito que no Brasil a percepção das diferenças não deve ser muito
distinta.


Uma pergunta natural que decorre destas constatações é: Quantos destes
empreendedores já foram executivos no passado? Dentre os que foram, estas
características que não eram tão comuns entre executivos foram desenvolvidas antes
ou depois de se tornarem empreendedores? Não sei a resposta desta pergunta, que
caberia perfeitamente como mais um tema de pesquisa.


O importante é que, se você
está usando a experiência como funcionário para adquirir as competências necessárias
para empreender no futuro, é bom levar em consideração estas diferenças.


Não necessariamente o que te fez um excelente executivo em 2009 necessariamente fará
de você um grande empreendedor em 2010


* Marcos Hashimoto é coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper


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