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Classe C avança na internet

A explosão na venda dos computadores ampliou o acesso à internet entre os jovens da classe C. Uma pesquisa do portal Terra mostrou que 49,4% dos jovens dessa classe, em três capitais do País, possuem acesso à rede mundial em casa. Contratado pela Terra, o Instituto Data Popular ouviu 600 pessoas em São Paulo, Recife e Porto Alegre. “A gente teve no ano passado uma quebra de paradigma, por causa da emergência da classe C”, disse Paulo Castro, diretor-geral do Terra. “A classe C é a fatia que mais vai crescer na internet.”

No ano passado, 37% dos internautas eram da classe C, 50% da classe A/B e 13% da D/E. Este ano, a expectativa é que a classe C chegue a 40%. A idéia do estudo era descobrir as diferenças entre os internautas de classe C para os de classe A/B. “A surpresa foi descobrir que não existiam diferenças significativas”, disse Castro. “O consumo de conteúdo, entretenimento e redes sociais é muito semelhante.”

O que acontece, segundo o executivo, é que os conteúdos de educação e de entretenimento são mais valorizados pelos jovens de classe C, porque eles têm menos acesso a alternativas fora da internet. “A classe A/B pode assistir séries na TV por assinatura, que a classe C não tem”, explicou Castro. Foram ouvidas pessoas entre 15 e 30 anos.

BANDA LARGA

A pesquisa indicou que 77,2% dos jovens de classe C com internet residencial têm acesso de banda larga. É o caso de Tatiana Santos Azevedo, de 26 anos, que assinou a internet rápida em dezembro do ano passado. Ela mora no bairro Jardim São Gonçalo, em São Paulo. Ela se formou em 2006 em Ciências da Computação, com uma bolsa de estudos integral que recebeu num programa do Centro de Profissionalização de Adolescentes Padre Bello (CPA) e hoje trabalha como webdesigner.

O primeiro computador que ela teve era usado, comprado em 2002. A máquina que usa hoje, um notebook, foi adquirida há um ano, em 12 vezes, nas Casas Bahia. “Meu uso da internet mudou bastante com a banda larga”, disse Tatiana. “Quando comecei a desenvolver sites, trocava o dia pela noite, para economizar.” Ela aproveitava a tarifa reduzida para acessar a internet discada.

“Eu quero montar uma microempresa”, disse a webdesigner. Ela participa de um programa de empreendedorismo e microcrédito, da Fundação Abrinq. Tatiana já fez cursos gratuitos de programação e edição de imagens, via internet. “Agora estou começando um curso de inglês.”

Ela não costuma assistir a filmes e ouvir música baixados da internet. E nunca comprou nada pela rede. “Não sei se é falta de confiança”, comenta. “Sempre uso para pesquisa e para consultar a conta do banco.” Tatiana usa bastante o MSN e o correio eletrônico, do Yahoo.

Segundo Castro, a pesquisa apontou um temor maior da classe C em usar o cartão de crédito na internet do que nos consumidores de maior renda. Para ele, isso não se deve à menor experiência de internet desses usuários, nem à dificuldade de acesso ao cartão. “O temor tem a ver com o limite do cartão de crédito”, explicou o executivo. “O bloqueio do cartão teria um efeito maior na vida do jovem de classe C.” O jovem de classe C acha que teria dificuldade de convencer a empresa de cartão de crédito se fosse vítima de fraude.

Mesmo com um uso menor do comércio eletrônico, o jovem de classe C acessa bastante a internet para fazer pesquisa de preços, antes de ir ao varejo convencional. A pesquisa apontou que 49,2% consultam a rede antes de fazer compras.

LOCAL DE ACESSO

O computador e a internet são vistos pela classe como uma maneira de melhorar a qualidade de vida da família, auxiliando a educação dos filhos. Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet apontou as lan houses como o principal ponto de acesso dos internautas brasileiros. Na pesquisa do Terra, os centros pagos vieram em segundo lugar, com 23,6%.

“Como a pesquisa foi feita em três regiões metropolitanas, ela não representa o Brasil”, reconheceu Castro. “São Paulo e Porto Alegre têm uma densidade de uso da internet acima da média brasileira.” Dessa forma, a pesquisa serve mais como um retrato do internauta nas grandes cidades brasileiras. Um ponto interessante, segundo Castro, é que não houve diferenças significativas nos números das três cidades. “A diferença ficou entre cinco e dez pontos porcentuais.”

A entrada da classe C faz com que a rede mundial deixe de ser considerada um meio de comunicação elitista. “A internet é um bom veículo para anunciantes de bens de consumo em geral”, disse Castro.
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Agencia Estado - Renato Cruz

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