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Internet é opção para impulsionar pequenas

Pouco recurso disponível para investir em comunicação. Esse é um dilema recorrente entre as MPEs (Micro e Pequenas Empresas) do País. Estudo do Sebrae-SP dá conta que 30% dos empreendedores no Estado ainda não adotaram computadores.

Apesar da agilidade no emprego da tecnologia, a gerente regional da entidade, Josephina Irene Cardelli, afirma que os números mantêm-se praticamente estáveis nos últimos anos. Com isso, muitos ainda não descobriram os benefícios da internet. A rede pode ser boa opção - e, acima de tudo, barata - para expandir os negócios.

Quem já descobriu a tecnologia percebe na rede potencial nicho de negócio. Exemplo disso é o grupo on-line Empreendemia que tem como propósito reunir empresários para trocarem experiências, produtos e serviços. A rede de relacionamentos é voltada exclusivamente aos empreendedores, especialmente aos pequenos e médios, e foi lançada em dezembro de 2009. Hoje, já conta com 40 mil cartões trocados entre os participantes. Cada cartão dispõe as principais informações sobre os produtos.

No Grande ABC, a adesão tem sido ampla. Em junho do ano passado, havia 24 empresas usando a rede social. Hoje, são 145, salto de 504% nas adesões em quase dez meses. São Bernardo lidera as participações, com 63 cadastros, seguida por Santo André (46), São Caetano (24) e Diadema (12). Apesar da evolução expressiva, o número ainda é tímido frente ao contingente nacional: são 6.700 empresas atuando diariamente na rede social. As sete cidades têm mercado para expandir nesse sentido. Isso porque o percentual de 30% de MPEs no Estado que não aderiram à internet se reflete com o mesmo peso na região, segundo Josephina.

Um dos proprietários do Empreendemia, Luiz Piovesana, afirma que os pequenos e médios empreendedores precisam se manter conectados não somente para elevar os lucros, como também para sobreviver. O idealizador da rede apontou que o grande problema hoje é que além de as empresas não estarem acostumadas com a internet, também não têm dinheiro para gastar com publicidade.

"A internet tem sido usada para se achar um telefone e não para atrair clientes. É isso que queremos mudar. A ideia é que o micro ou pequeno empresário consiga investir, gastando menos, para trazer mais negócios por meio da ferramenta", diz.

Mas isso tende a mudar. O Sebrae revela que, ainda no último estudo que mapeou o uso de tecnologias entre as MPEs, apenas 14% das empresas que usavam a internet o faziam para vender produtos e serviços. "Alguns anos atrás tinham pessoas que pensavam ser impossível ter celular. Hoje é difícil não tê-lo, nem que seja para usar as funções básicas", explica a gerente do Sebrae, Josephina, ao listar que as redes sociais são uma ferramenta importante por criar um canal de comunicação com o público, que dificilmente seria feito por outros meios, por pesar mais no bolso.

E os leques de vantagens não param por aí. Alcance e velocidade de crescimento são mais pilares que a web permite. A gerente ainda cita como exemplo o crescente interesse dos consumidores em optar pelo comércio eletrônico. "A internet está sendo uma necessidade que está agregando e muito nas empresas de uma forma geral."

Com pacotes gratuitos e a partir de R$ 9,90, os microempreendedores podem participar e trocar figurinhas na rede. "São valores de mercado muito baixos", frisa Piovesana. Mesmo assim, ele garante que na versão gratuita o retorno entre os participantes é grande. "A vantagem é ter esses produtos na 'vitrine''. Assim, aparece para empresas de Santo André, São Bernardo, Diadema, com produtos e serviços de engenharia e TI (Tecnologia da Informação). A navegação na rede mostra exatamente o que a pessoa quer", explica.

Conforme as trocas vão sendo feitas, os compradores podem medir a qualidade do que foi consumido, por meio de comentários. Avaliações positivas rendem credibilidade, e alavancam os lucros das MPEs.

Grandes companhias também podem participar do processo

Apesar de o Empreendemia ter como público alvo as MPEs (Micro e Pequenas Empresas), isso não impede que grandes corporações participem.

No Grande ABC, uma concessionária de carros representante da Mercedes-Benz deu seus primeiros passos na rede social.

O responsável pelo setor de marketing da companhia, Flavio Conca, sustenta que ainda não houve maiores investimentos para participar do site de relacionamento entre os demais empreendedores.

Porém, ele está otimista com os resultados. "Temos plano de mídia. Apesar de não ter divulgado muito ainda, a internet, com o Google, por exemplo, tem diversas vantagens", destaca o executivo. "Só o fato de ter o nome divulgado por meio do portal buscador já é um bom negócio - além de gratuito - para vender os produtos."

Para empresário, investir na web é necessidade

O diretor da empresa PSP Coaching, sediada em São Caetano, Paulo Soares Pereira, investiu todas as fichas na web em junho. Procurou o Empreendemia, o serviço de microbloging Twitter, a rede social Facebook - na qual criou uma página virtual da companhia - e já colhe os bons frutos da empreitada. Os custos? Irrisórios, segundo o empresário. "Foram R$ 500 até hoje. Foi tranquilo. Consegui recuperar o investimento em um mês", comemora Pereira.

A rede social para troca de negócios teve resultado mais rápido do que o esperado. Apenas duas semanas depois, ele conta que foi procurado por empresas interessadas nos serviços que ofertou. "A internet tira um pouco da barreira no mundo físico, de ter que conhecer a pessoa primeiro. Na web é mais fácil, fui atrás dos que se interessaram, troquei cartões e fechei negócios. Essa agilidade não temos no mundo físico", atesta o empresário.

O perfil do empreendedor corresponde à descrição da gerente regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Josephina Irene Cardelli. "É importante pensar na internet porque a maioria das MPEs é familiar ou tem poucos funcionários. A participação em redes sociais traz informações e otimiza o tempo. Infelizmente, os pequenos ainda têm dificuldade em entender como isso pode impactar positivamente na sua empresa", conta Josephina.

Hoje, os ganhos mensais da PSP Coaching giram em torno de R$ 50 mil. O volume é dez vezes maior do que o valor investido no ano passado com a internet, sendo que boa parte das ações era gratuita.

"É o marketing de guerrilha. Agora estamos estruturando nosso próprio site, que irá fornecer aos clientes ferramentas para utilizarem no seu dia a dia, como uma que mostre os impactos no faturamento com base nas ações, por exemplo", relata Pereira, ao acrescentar que espera colher retornos de R$ 4.500 empenhados no site de forma praticamente instantânea.

Para dimensionar a importância da web para as MPEs, Pereira afirma que a internet tem peso de 60% no faturamento. "É bem significativo", reforça ele.

A dica do empresário não poderia ser outra aos pares se não investimentos na rede on-line. "Não falo nem que é bom negócio, é essencial. O custo é baixo e o retorno, extremamente alto."

Site almeja atingir 25 mil integrantes até ano que vem

A ideia de Luiz Piovesana, um dos proprietários do Empreendemia, é ampliar o total de integrantes da rede social de negócios de 6.700 para 10 mil até dezembro. O objetivo é atingir o patamar de 25 mil em 2012. Isso mantendo o atual ritmo de crescimento, de 15% a 20% por mês.

A construção do site, existente há um ano e três meses, custou cerca de R$ 5.000 para os proprietários. Piovesana conta, entretanto, que já recuperou os investimentos. Desde o lançamento da rede social já faturou R$ 40 mil - o que evidencia o movimento das MPEs (Micro e Pequenas Empresas) em começar a abrir os olhos para a internet.

O montante de integrantes previstos para o ano que vem, mesmo com apenas 0,5% sendo pagos, contribui para elevar os ganhos, por conta da divulgação. A ambição é atingir, a longo prazo, 100 mil empresários e faturamento de até R$ 150 mil. Ele defende que isso é possível porque, com tal volume de participantes filiados, é possível prever que 5% deles usufruam dos serviços remunerados.

"No começo não se comprava nada por meio da internet. Hoje, as maiores vendas são pelo e-commerce. Os que já estão na rede já sentem os benefícios, a questão é espalhar isso para as massas", completa Piovesana.

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