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Projeto deve se tornar referência em TI

Aliar pesquisa de ponta com ensino de qualidade, abrindo a UFRN à inclusão de alunos da Educação Básica e também à iniciativa privada, sem esquecer de estimular um segmento de mercado em expansão na economia mundial. Os objetivos do "Metrópole Digital" são ousados, mas são também proporcionais aos investimentos que o projeto prevê e à estrutura a ser montada dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Dois prédios, um deles o maior do campus, devem ser concluídos em 2011 para sediar laboratórios, salas de aula e empresas da área de tecnologia da informação (TI), tornando-se um marco na aproximação entre a universidade, o Ensino Médio e o mercado. Antes   mesmo da estrutura pronta, o Metrópole vem se desenvolvendo. Os primeiros 1.200 alunos, com Ensino Fundamental completo, já participam das turmas iniciais do projeto.

Eles irão, durante todo o ano, receber capacitação para atuarem na área de tecnologia. O curso, no entanto é apenas o primeiro passo da proposta geral, que prevê diversas outras ações de formação e qualificação de mão-de-obra, além da atração de empresas de tecnologia e informática para o Rio Grande do Norte, com vistas ao desenvolvimento do segmento no estado, abrindo espaço também para uma melhor capacitação dos alunos da própria UFRN que atuam em cursos relacionados ao assunto.

Os 1.200 alunos do Metrópole Digital têm entre 14 e 18 anos e passaram por uma seleção que contou com 7 mil inscritos. Os selecionados têm direito uma bolsa mensal no valor de R$ 160, durante a duração do curso (10 meses), e aprenderão sobre disciplinas como Matemática, Lógica de Programação, Sistemas Operacionais e até mesmo Inglês, totalizando 952 horas/aula. A maior parte é a distância, pela Internet, ou em modulos. Ocorre somente uma reunião semanal de quatro horas. O grupo foi dividido em 26 turmas e cada uma define o melhor local e horário do encontro presencial.

A aula inaugural ocorreu em março. Após um período introdutório que serviu para apresentar o projeto aos participantes. Em abril teve início o Módulo Avançado, no qual todos terão lições sobre assuntos como Desenvolvimento, Banco de Dados e Redes. A partir de outubro, ou novembro, será dado início ao terceiro e último módulo, quando os alunos serão divididos em duas turmas: uma de 240 com ênfase em Eletrônica e outras de 960 voltados para Desenvolvimento Web.

"Os que irão para a área de eletrônica vão ter aulas presenciais, devido à necessidade de trabalhar nos laboratórios, enquanto os demais continuam no ensino a distância. Na hora de escolher, terão prioridade aqueles que demonstrarem os melhores resultado no módulo anterior", aponta o professor Marcel Oliveira, que atua junto à área de Engenharia de Softwares.

O novo curso da UFRN em Engenharia de Softwares, aliás, é o que está mais diretamente ligado ao Metrópole Digital e irá utilizar a estrutura do projeto. Porém, a intenção é reunir nos laboratórios, salas de aula e empresas, os estudantes de graduação, pós-graduação, professores e pesquisadores dos mais diversos cursos da universidade, sobretudo os voltados para a área de tecnologia da informação.

Turmas já participam das aulas

As 26 turmas formadas pelos 1.200 alunos do curso inicial do Metrópole Digital vêm se reunindo semanalmente, em espaços como o IFRN, ou no Centro de Tecnologias em Informática Aluízio Alves, do Senai. "E estamos fechando parcerias com outras instituições", enfatiza o gerente administrativo do projeto, Joaz Santana. Nos encontros eles cumprem as quatro horas presenciais do curso. No restante do tempo (o trabalho é feito prevendo 20 horas de dedicação semanal) os estudantes acompanham as aulas via Internet e executando as tarefas e estudos repassados pelos professores.

Além dos docentes, o acompanhamento das turmas é feito por tutores, alunos de pós-graduação, e monitores ligados à área de informática, ciências da computação, engenharia da computação, engenharia elétrica, entre outras áreas da UFRN. Nas quatro horas presenciais, os estudantes recebem tarefas, discutem o conteúdo e esclarecem possíveis dúvidas. Na inscrição os candidatos já apontavam quais os melhores horários para se reunirem e nas primeiras semanas do curso também tiveram direito de mudar de turma, caso os horários fossem incompatíveis.

De acordo com o professor Pablo Javier Alsina, que atua na área de Robótica, os dois campos de atuação a serem escolhidos pelos alunos na etapa final do curso (Eletrônica e Desenvolvimento Web) podem vir a ser ampliados no futuro. "Primeiro vamos fazer uma avaliação, afinal este é um piloto, para definir se há necessidade de criar mais opções. Isso vai depender muito da demanda local do mercado", explica.

Das vagas abertas pelo Metrópole, 70% foram reservadas para alunos da escola pública. "Fizemos um levantamento na matrícula deles, a respeito do acesso à Internet, e nos surpreendemos com o fato de que sete em cada 10 têm alguma forma de acesso à Internet", aponta Marcel Oliveira. Os que não possuem conexão em casa, geralmente utilizam a das escolas, ou dos telecentros comunitários.

"A medida que o projeto for avançando vamos estabelecendo os convênios, visando sobretudo um melhor acesso", reforça o coordenador-geral do Metrópole Digital, Adrião Duarte. Para Joaz Santana, tem sido uma prova da viabilidade do projeto o fato de o curso vir funcionando, com sucesso, mesmo sem os prédios. "Eles vão abrigar toda estrutura, mas já estamos formando pessoal independente deles", destaca.

Pablo Javier, por sua vez, lembra que outros aspectos do projeto também vêm sendo desenvolvidos. "Estamos buscando as empresas para fazer parcerias e atraí-las para se somar ao Metrópole Digital", revela. Com tudo isso, a expectativa do professor é de que a demanda dos alunos pelas vagas do próximo ano aumente. "Ano passado fomos nas escolas explicar o que era o projeto, mas agora com o boca-a-boca certamente a divulgação vai ser ainda maior", prevê.

Obras serão iniciadas este ano

Centro Integrado de Vocação Tecnológica (CIVT) e Núcleo de Pesquisa de Inovação e Tecnologia da Informação (Npiti) são os nomes dos dois prédios que serão erguidos no campus da UFRN para o funcionamento do Metrópole Digital. O investimento é de cerca de R$ 42 milhões e a expectativa é de início das obras ainda em 2010 e conclusão até o final de 2011. "Mas nosso objetivo é que eles já estejam prontos no meio do próximo ano", aponta o coordenador-geral do projeto, Adrião Duarte.

O CIVT será erguido próximo ao Restaurante Universitário e servirá como centro de identificação de talentos, recebendo principalmente as atividades de estudos, pesquisas e desenvolvimento de projetos, além do curso de Engenharia de Softwares. Com mais de 8 mil m2 vai ser o maior prédio do campus. Já o Npiti, localizado próximo ao Centro de Tecnologias (CT), vai ser destinado à incubação de empresas e às áreas voltadas à pesquisa e produção de hardwares, envolvendo robótica, sistemas inteligentes e sistemas embarcados.

"Uma de nossas preocupações para uma segunda fase é aumentar a abrangência do projeto investindo na parte de conectividade e também integrando as atividades do Metrópole às ações de pesquisa, inovação tecnológica e às graduações da UFRN", diz Adrião Duarte. Além da participação dos alunos de graduação, pós e de professores da universidade, os estudantes dos cursos voltados ao Ensino Médio também poderão participar das pesquisas, estágios e até das empresas que nascerem na "incubadora" que integra o projeto.

Adrião Duarte lembra que além de fornecer mão-de-obra para o setor de Tecnologia da Informação, no qual há milhares de vagas em todo o País, a atração e incubação de empresas pelo Metrópole irão fortalecer o mercado local no setor de informática e de outros segmentos relacionados. "Queremos identificar talentos e estimular o empreendedorismo", acrescenta. Ele lembra que profissionais da área de TI podem obter empregos nas mais variadas áreas, como a de Medicina, Engenharia, Comunicações e muito mais.

Outra opção é os participantes do curso darem continuidade à formação, ingressando no Ensino Superior, ou ampliando seus currículos com novos cursos de capacitação. "Nosso foco é inovação tecnológica, mas é também um trabalho de inclusão social. Já temos um bom número de empresas de TI em nossa região e não necessariamente elas terão de se mudar para os novos prédios, para poderem se integrar ao projeto", esclarece.


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Roberto Oliveira

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